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Análise | Resultado Fiscal - Março22

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Daniel Arruda

Publicado 16/mai4 min de leitura

Setor público registra superávit de R$ 4,3 bilhões em março

Novamente, o resultado do Setor Público foi beneficiado pela forte arrecadação dos governos regionais. A leitura divulgada pode ser decomposta em um déficit de R$ 7,8 bilhões para o Governo Central e superávits de R$ 11,9 bilhões e de R$ 242 milhões para os entes regionais e empresas estatais, respectivamente. Nos 12 meses até março, o Setor Público acumula resultado positivo de R$ 122,8 bilhões, equivalente a 1,4% do PIB. Esse número, que corresponde ao superávit mais significativo observado desde o início de 2014, segue corroborando a interpretação de uma melhora das contas públicas nos últimos meses, o que pode contribuir para reduzir os prêmios de riscos domésticos no médio prazo.

Apesar da importância da contribuição dos estados e municípios, o Governo Central também mostrou recuperação frente ao choque da pandemia. Nos 12 meses até março, a receita líquida atingiu 18,7% do PIB, patamar bastante próximo da leitura de 18,8% para a despesa total. No entanto, vale fazer duas considerações importantes. No longo prazo, com crescimento esperado para o PIB de 2,0% e juro real de 4,0%, requer-se um superávit de aproximadamente 1,6% do PIB para estabilizar a dívida pública. Além disso, no curto prazo, a pressão de servidores por reajuste salarial superior a 20% segue significativa, o que teria potencial para impactar a despesa com pessoal a partir do segundo semestre.

Despesa com juros do Governo Federal atinge R$ 57,2 bilhões e salta 68,5% em termos interanuais

Forte elevação vem em linha com o patamar mais alto da Selic e da inflação medida pelo IPCA. A despesa com juros, em termos anualizados, já equivale a 7,7% do PIB, o que explicita o custo fiscal da Selic em patamar bastante elevado. Além disso, o ganho do Banco Central com as operações de swap, observado ao longo do primeiro trimestre desse ano, deve ser revertido nas próximas divulgações, dada a desvalorização observada da moeda doméstica, o que pressionará ainda mais a despesa com juros no curto prazo.

Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) atinge 78,5% do PIB

Indicador mostrou queda de 0,8 p.p. em relação ao mês anterior, em função do superávit primário e do crescimento do PIB. Vale citar que os resultados otimistas seguem levando a revisões da projeção mediana do mercado, em linha com o observado ao longo de 2021. De acordo com o Prisma Fiscal, a expectativa para a DBGG em 2022 recuou de 84% do PIB para 80,0% nos últimos cinco meses. No mesmo período, a projeção para o indicador em 2023 recuou de 86,2% do PIB para 83,2%. Com isso, percebe-se que ainda há um processo contínuo de reavaliação do risco fiscal na economia brasileira. Esse movimento, caso não seja interrompido por novas medidas de cunho eleitoral ou por uma percepção negativa do resultado das eleições, poderá levar a uma queda dos prêmios de risco no mercado, beneficiando os ativos de renda fixa e de renda variável especialmente ao longo do próximo ano.


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