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Carteira Recomendada | Retorno | Junho

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Gabriela Joubert

Publicado 01/jun15 min de leitura

Panorama Econômico

No cenário macroeconômico, continuamos vendo um quadro mais positivo para o crescimento da atividade. Em particular, o monitor da FGV apontou para um crescimento do PIB de 1,5% no primeiro trimestre do ano, na comparação com o quarto trimestre de 2021, o que aponta para um carrego de 1,8% para 2022. Além disso, a taxa de desemprego recuou para 10,5% no trimestre findo em abril, ante expectativa do mercado de 10,9%, o que traz alguma recuperação da massa salarial real e sustentação do consumo na margem.

A inflação, por sua vez, segue surpreendendo negativamente, com o IPCA-15 mostrando leitura de 0,59% em maio. Apesar da desaceleração frente ao mês anterior, a média dos núcleos avançou para 1,1%, o que aponta para uma persistência maior do que o anteriormente esperado. Além disso, o IGP-M mostrou forte alta para o estágio intermediário da inflação ao produtor, puxada pela alta do diesel e de adubos e fertilizantes, o que deve pressionar os preços ao consumidor adiante.

Dessa forma, os dados correntes piores seguem pressionando a expectativa de inflação do mercado para 2023, que já se encontra acima do topo da meta. Com isso, o Banco Central deverá elevar a Selic para 13,25% na reunião de junho, colocando o juro real exante em patamar ainda mais contracionista.

Por fim, vale destacar a continuidade da melhora para as contas públicas. O setor público teve superávit primário de R$ 38,9 bilhões em abril, com contribuições positivas tanto da União quanto dos entes regionais. Em linha com as divulgações recentes mais favoráveis, projetamos uma tendência benigna para a dívida bruta a médio e longo prazo, o que pode impactar favoravelmente a taxa de câmbio, as medidas de risco país e o preço dos ativos domésticos.

A Bolsa em maio/22

Incertezas continuam e volatilidade é consequência

Maio deu continuidade ao sentimento de aversão ao risco que foi intensificado em abril, especialmente nos mercados internacionais, que lidam neste momento com elevação de juros para conter uma inflação persistente e crescente e a possibilidade de uma desaceleração global maior que o esperado.

Contudo, ao longo do mês, a amenização dos lockdowns na China trouxe certo otimismo para os mercados, em especial a bolsa local, impulsionando a recuperação de algumas exportadoras que, juntamente com o setor financeiro, contribuiu para que o Ibovespa fechasse o mês em alta de 3,22%.

Para junho, esperamos manutenção dos riscos já mapeados no que tange discussões sobre escalada dos juros pelos Bancos Centrais, em especial nas economias desenvolvidas, e oscilação de humor diante de dados de atividades mistos, mas que, em maior parte, devem seguir mostrando preços globais de insumos em alta, atividade contraindo na Europa e na China e pressão sobre o FED para controlar a inflação e evitar uma recessão.

Desta vez, recuperação das blue chips impulsiona o índice

Se em abril a queda do Ibovespa foi atrelada à forte correção que vimos para as empresas de commodities, com China, e o setor financeiro, com piora nos dados de inadimplência, em maio observamos o movimento oposto, com forte recuperação das companhias exportadoras, em especial os setores de Óleo&Gás, Siderurgia & Mineração e Papel & Celulose, bem como retomada do setor financeiro, com recuperação principalmente dos incumbentes no período.

Nos destaques de alta, como dito, o IMAT e o INFC subiram mais de 6% no período. Notícias de arrefecimento dos lockdowns na China contribuíram para retomada dos papéis de commodities, ao menos no curto prazo. Já no setor financeiro, o cenário de elevação de juros e possível retomada dos spreads contribui para recuperação dos papéis, negociados com descontos após desabarem em abril.

Enquanto na ponta negativa, tivemos o IMOB e ICON. O setor de Construção tem sido bastante impactado pelos elevados custos, conforme visto pela elevação do INCC, que no acumulado do ano já registra alta de 4,27%. Além disso, as despesas financeiras alavancadas pela escalada nos juros têm corroído os resultados financeiros das empresas, prejudicando margens. No setor de Varejo e Consumo, a inflação tem afetado em duas frentes, sendo a primeira na limitação do poder de compra do consumidor e na segunda nos elevados custos e despesas, que vem afetando o resultado operacional das companhias.

Desempenho – Mai/22 | Mudança de ventos

Maio trouxe recuperação dos papéis de commodities, especialmente as metálicas, após as fortes perdas de abril, quando da intensificação dos sinais de desaceleração na China, além da continuidade dos lockdowns no país. Com isso, vimos boa retomada de GGBR4 e VALE3 no mês, contribuindo positivamente para o portfólio.

Ainda do lado positivo, tivemos o setor financeiro com BBAS3 e BBSE3 trazendo as maiores altas da carteira, beneficiadas ainda pelo desconto e os melhores resultados diante de seus pares.

Na ponta negativa, JBSS3 liderou a queda no mês, em movimento de realização após mais um trimestre de resultados fortes, porém já refletindo as maiores preocupações quanto ao futuro da economia norte-americana. Além disso, IGTI11, MOVI3 e PNVL3 tiveram desempenho aquém do esperado, pesando negativamente, seguindo pressões em seus respectivos setores após dados de inflação indicarem possibilidade de continuidade no ciclo de alta da Selic.

Por fim, após brilhar nos últimos meses, o setor de Utilities perde tração e trouxe um desempenho, no geral, abaixo do índice, também contribuindo para o desempenho de apenas 0,97% no mês, diminuindo o forte spread que obtivemos no mês anterior.

Carteira Retorno – Jun/22 | Commodities e Bancos no radar

Com o afrouxamento das medidas restritivas ante a política de covid-zero e o recente pacote de estímulos anunciado pelo governo chinês visando a impulsionar diversos setores da economia, podemos ver em junho a continuidade do movimento de recuperação observado ao longo de maio para as companhias exportadoras.

Assim, mantemos VALE3 na carteira, mas substituímos GGBR4 por KLBN11, nossa estreante no segmento de Papel e Celulose. Apesar da correlação com o dólar, os sucessivos aumentos de preços de celulose e a demanda ainda resiliente parecem ter finalmente sido compreendidos pelo mercado, dando fôlego às empresas do setor. Siderúrgicas ficam de fora em meio às incertezas ante redução de IPI e seus efeitos nas importações em um cenário de demanda arrefecendo.

Mesmo com a queda no mês anterior, vamos manter JBSS3, considerando que devemos ter mais um trimestre forte para a companhia, especialmente nos EUA. 

Em bancos, optamos por aumentar nossa exposição com ITUB4, mantendo as campeãs BBAS3 e BBSE3.

No segmento de Varejo e Consumo, inserimos ASAI3, em virtude da expectativa de manutenção dos drivers no varejo alimentar. Mantemos também IGTI11, com foco na exposição ao varejo alta renda, mas centrando a estratégia no segmento de Shoppings. MOVI3 também segue, uma vez que a vemos bem posicionada para a volta da mobilidade no setor.

No setor de Utilities, retiramos SAPR11, mas mantivemos AESB3 mais um mês.

Fonte: Bloomberg e Inter Research*, em 31/05/2022

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